quinta-feira, 7 de agosto de 2008

UM CASO DE AMOR MATEMÁTICO (06/06/2007)


Não posso dizer que quando jovem eu fosse um estudante brilhante. Realmente nunca demonstrei e esta qualidade ainda não se manifestou em mim. Pelo pouco que me lembro, sei que lá pela sexta série descobri que poderia ser bom em matemática. Sei que não era bom em nada, sei que quando acordei para a vida eu já era bem íntimo desta ciência tão temida.
A matemática me aproximou dos livros, que me aproximou da biblioteca e que por sua vez me levou à literatura e filosofia. Esta rede de ligações são bem estranhas e intrincadas que até eu titubeio na tentativa de explicá-las, mas do pouco que posso reconstruir, o que sei é que minha paixão pela matemática podou muitas das minhas partidas de futebol e juntamente com a física e a filosofia me apresentaram os grandes paradoxos da humanidade.
Por muitos anos perambulei nas precárias bibliotecas parambuenses atrás de soluções para os questionamentos que eu via naquelas ciências e me deparava com livros velhos e empoeirados que pouco diziam sobre aqueles assuntos tão modernos. Quero só registrar que onde morava havia poucos computadores, e Internet nem ouvíamos falar.
Sei que consumi o que os livros velhos me deram e fiquei cheio de um afã. De repente os estudos secundários terminaram e ligeiramente o mundo virou e quando percebi já estava embrenhado na computação e o meu horizonte de problemas existenciais já haviam se multiplicado e eu já não era o mesmo menino que procurava divertimento nos números e na leitura. Surgia em mim um Eu que seriamente se questionava sobre tudo aquilo.
Foi aí que surgiu o verdadeiro poeta que se lançou numa poética mítica/mágica/filosófica que seria o novo celeiro dos questionamentos do adulto que naquele momento se forjava a custa da revolução mascarada que se processava  mesmo que a milhares de quilômetros de distância. Sei que não sou o único representante desta sub-revolução acontecida na periferia do mundo globalizado. Dos poucos da minha geração tenho visto poucos depoimentos parecidos com o que acho que vivi e as gerações mais novas parecem que já nasceram sob o signo da modernidade. Não há mais nada a ser admirado e temido, tudo faz parte da simples rotina da sociedade tecnizada.
E aqui estou eu a palrar sobre assuntos estranhos que talvez não interessem a ninguém. Mas infelizmente este é o mal dos escritores. Então eu me despeço.

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