domingo, 15 de março de 2009

FILO-SOPHIA


Vejo Fortaleza pela janela de um hospital. São 23h e as ruas já não estão cheias de carros. As luzes dos prédios colorem a noite. Com poucas horas de vida dentro do quarto esta minha pequena filhinha. Confesso que estou meio anestesiado. Acho que as luzes fortalezenses são as únicas capazes de me entenderem neste momento. Terei finalmente o direito de levar ad infinitu minhas células. Conscientemente isso pouco importar para mim, estou ansioso em educá-la, em mostrar a ela a beleza do universo literário, matemático e filosófico. Mostrar a ela a precariedade da vida, mas que por outro lado é possível viver bem, mesmo dentro deste cenário. Neste momento tudo que posso ver do mundo é um quadrado da gigantesca Fortaleza bela. Sinto a brisa marítima no meu rosto e isto me lembra quanto sonhei este momento.
Não possuo nenhuma idéia clara do que possa ser educar alguém. Na verdade educar é um termo tão vago que o seu uso é largo demais. No entanto algo deve ser planejado. A urgência do sono me faz pensar que minha filinha talvez nem precise muito de minhas conjecturas. Na verdade quem precisa delas sou eu mesmo. Eu e minha logicidade filosófica é que tentará prever tudo.
Minha filinha chora e acordo do meu sonambulismo frente aos prédios fortalezenses. Acordo para uma nova vida. Uma nova vida que necessita de mim muito mais. Sei que romantizo a maioria das coisas que faço, mas creio que finalmente chegou o momento certo de romantizar. Minha filinha necessita de um pai lúcido o suficiente para guiá-la rumo ao desconhecido. Um pai capaz de saber que sua filha não é uma extensão de seus pais, mas um ser que crescerá para ser livre.
Acho que devo agora parar de conjecturar.
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