
O VOO DE ICARUS: ATÉ ONDE NOSSA MENTE PODE NOS LEVAR (veja aki)
ESTEVAN LUTZ - 240 páginas - Novo Século
O jovem brasileiro Icarus mora na cidade marítima de Agartha e trabalha com realidade virtual e também é viciado em jogos virtuais e na droga Nirvana. Sua vida muda completamente quando ele passa por um tratamento com o Dr. Voga e a droga lícita Sinaptek (na verdade se trata de um conjunto de nanorobôs).
O livro é narrado em primeira pessoa, o que acaba sendo o pior defeito dele. Com certeza se o livro fosse narrado em terceira pessoa, o autor teria tido maior liberdade e a verossimilhança teria sido maior. Outra coisa que não gostei foi o fato dos personagens serem rasos. As personagens Ceres e Roxana são descritas friamente, sabemos muito pouco delas, apesar de serem personagens centrais na trama.
Mesmo assim se engana quem pensar que o livro é ruim, pelo contrário: o autor escreve bem, respeita a gramática, apesar dos diálogos serem um pouco travados. De início a obra em sua temática me remeteu ao livro “Os três estigmas de Palmer Eldritch” de Philip K. Dick, apesar da forma de escrita das duas obras serem totalmente diferentes. O vôo de Icarus carece de mais ação, mas é perceptível que o autor optou por uma abordagem mais teórica da estória. Em alguns dos seus vôos, a escrita do autor pareceu um pouco com a escrita da Cristina Lasaitis (autora brasileira do livro de contos Fábulas do tempo e da eternidade).
O final do livro é muito corrido e a solução dada pelo autor é a mais simples. A ambigüidade causada pelo final é de certa forma um lugar comum.
Para o livro de estréia de Estevan Lutz, acho que ele foi muito bem.